sábado, 19 de julho de 2014

O que me ajudou na amamentação

Por Filipa Serrão 

Mais do que a experiência com a amamentação, que depende de inúmeros factores, mas sobretudo da mãe e do bebé e da capacidade em ultrapassar as dificuldades que surgem sempre, achei importante enumerar algumas coisas que contribuíram para que tivesse duas experiências bem sucedidas.

1. Amamentação em livre demanda. Não estabeleço horários. Da mesma forma que um adulto não tem de ter fome apenas de 3 em 3h, um bebé também não tem de ser um relógio. Por aqui sempre se mamou quando se tem fome, e não obrigatoriamente segundo um relógio estabelecido não sei bem por quem.

2. O bebé também não tem obrigatoriamente de comer em 10 minutos de cada lado. Nunca compreendi isso. Eu como devagar, o meu marido depressa. As minhas bebés comem ao seu ritmo. Se precisam de mamar ao longo de meia hora, assim seja. 

3. Primeiro mama um lado inteiro e só depois troco para o outro. O leite tem composições diferentes ao longo da mamada e o leite mais gordo está no final. Se troco o bebé de lado ao fim de x minutos, corro sérios riscos de lhe estar a dar apenas o leite do inicio, mais aguado, "feito" para matar a sede. Menos gordo, com menor potencial nutritivo. Arrisco afirmar que é por coisas destas que muitas vezes se recorre a suplementos porque o bebé não tem um aumento de peso satisfatório e não é de espantar. 

4. Nos primeiros dias acontece por vezes o peito encher demasiado porque ainda se está a adaptar às necessidades do bebé. Colocar o bebé a mamar será a forma mais rápida de esvaziar o peito e desfazer os caroços. Em alternativa usem a bomba ou água quente direccionada e massagens no duche. 

5. Não há leites fracos. É um mito. Mas existe sim em menor quantidade, que poderá ser insuficiente para as necessidades do bebé. Aumenta-se a produção bebendo água, carradas dela. Depois há suplementos como o Promil que dá uma ajuda (mas não faz milagres) e outras coisas no mercado. Mas o que faz milagres é a quantidade de água que se bebe. Às vezes o corpo não corresponde na adaptação da produção, sobretudo nos picos de crescimento. Quanto mais se colocar o bebé na mama, maior o estímulo para aumento da produção. 

6. Gretas e afins. Como contei num post anterior, com a Clara não tive, mas com a Isabel passei um mau bocado. O Purelan ajudou a cicatrizar. Usei as conchas da medela para deixar arejar o peito. Mas mesmo assim, como ela mamava todo o dia, o peito não estava a ter tempo de regenerar. Tive de usar pela primeira vez mamilos de silicone porque as dores eram excruciantes. Dois dias foi suficiente e não causou qualquer confusão na bebé que mamava de igual forma com e sem eles. Bem como sempre usou chucha e nunca mamou pior por isso. 

7. Sempre saí com as minhas filhas sem olhar a horas, sendo habitual ter de alimentá-las onde estivesse. Comprei um avental de amamentação que me resolveu muitos pudores! Mas deixo a dica: uma fralda maior ou um pedaço de tecido, uma fita e duas molas e o efeito é o mesmo ;)

8. Há um apoio muito útil que dá pelo nome de SOS Amamentação, com conselheiras de aleitamento materno disponíveis 24h/dia. Os contactos estão todos no site www.sosamamentacao.org e muitas vão a casa ajudar. São uma ajuda preciosa! 

9. Last but not least: paciência e calma. Os bebés crescem e vão deixar de adormecer na mama, vão passar a demorar menos a mamar, o corpo vai adaptar a produção, os mamilos vão finalmente calejar e tudo se vai resolver. Depois de dois meses [para quem quiser mesmo fazê-lo porque é lícito achar que não!] estarão "profissionais" no assunto. E não oiçam os "bitaites" de que o bebé está com fome, o leite é fraco, não presta, e todas as restantes pérolas que as pessoas (especialmente outras mães) adoram dizer. Os bebés choram porque não sabem falar, é a sua forma de comunicar. E quando choram pode ser por 1001 razões, não necessariamente por fome. São comentários dispensáveis que só causam inseguranças nas recém-mamãs. 

Ninguém conhece melhor o nosso bebé do que nós e acredito que todas fazemos o melhor que sabemos. Mas quando precisamos de ajuda não temos de ter vergonha de a pedir e procurar. Muitas de nós já sentiram as mesmas dificuldades e decerto poderemos, ao menos, tentar ajudar :)

2 comentários:

Hoje Vou Casar Assim disse...

Post excelente e muito útil!
Identifiquei-me com praticamente tudo o que escreveste.

Joana Cunha disse...

Muito útil, sem fundamentalismos, gostei muito :)